Anteriormente, já foi
falado bastante sobre o fato do agachamento produzir baixos valores de compressão
patelofemoral. Inclusive a compressão promovida pelo agachamento, leg press e
mesa extensora não diferem entre si (Wilk et al., 1996; Zheng et al., 1998).
Mas, é importante destacar que a ativação da musculatura posterior e o aumento
da amplitude de movimento diminuem a compressão patelofemoral. Por exemplo, Li
et al. (1999) verificaram que a maior compressão acontecia entre 0 e 30 graus,
com posterior decréscimo.
Com relação aos efeitos
crônicos, o grupo de Witvrouw comparou a eficiência dos exercícios de cadeia
cinética fechada (agachamento) com os de cadeia cinética aberta (extensora de
perna) no tratamento de dores patelofemorais e verificaram que, apesar de ambos
os protocolos serem eficientes, os melhores resultados foram proporcionados pelos
exercícios de cadeia cinética fechada (Witvrouw et al., 2000; Witvrouw et al.,
2004).
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A tração do tendão patelar
chega a 6000N em 130° de flexão de joelhos com um agachamento de 250 quilos
(Nisell & Ekholm, 1986), cerca de 50% do valor máximo estimado para esta
estrutura, que varia de 10000 a 15000 N (Escamilla, 2001).
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Compressão
entre femur e tibia
As forças compressivas
tibiofemorais foram discutidas anteriormente. Cabe lembrar que elas chegam
próximas a 8000 N durante o agachamento com cargas elevadas (250 a 382,50 kg),
sendo praticamente a mesma nos ângulos entre 60 a 130 de flexão de joelhos
(Nisell & Ekholm, 1986), porém ainda não foi estudado um valor limite.
Deve-se lembrar, no entanto, que da mesma forma que a compressão tibiofemoral
excessiva pode ser lesiva para meniscos e cartilagens, elas têm um papel
importante na estabilidade dos joelhos (Markolf et al., 1981; Shoemaker &
Markolf, 1985; Nisell & Ekholm, 1986; Yack et al., 1994).
Considerações
finais:
- As forças tensionais e
compressivas desse tipo de exercício estão totalmente dentro de nossas
capacidades fisiológicas e articulares. Certamente as estruturas ósseas e
articulares estarão preparadas para realizar agachamentos completos durante
toda a vida, desde que sejam respeitados os fundamentos científicos que
norteiam o treinamento de força, com ênfase na técnica de execução e controle
de volume.
- Para realização do
movimento completo, é inevitável que se utilize uma menor quantidade de peso
(carga absoluta) o que, somado à menor tensão nas estruturas do joelho, torna
esse exercício seguro para a imensa maioria dos praticantes de musculação,
mesmo os lesionados e/ou em reabilitação. Em casos de lesões, o ideal é fazer
um tratamento no qual profissionais de ortopedia, fisioterapia e educação
física trabalhem juntos.
- A amplitude do
agachamento é muito importante para eficiência e segurança, pois conforme se
aumenta a flexão do joelho (“profundidade”), aumentam as ações musculares e
diminui a tensão nas estruturas articulares.
- A ação muscular é
importante para o controle do movimento, portanto, não se deve deixar que,
durante a fase excêntrica (principalmente quando o ângulo começa a ficar menor
que 90 graus), o movimento perca o controle (“despencar”), pois, desta forma,
as tensões que deveriam estar sobre a musculatura, irão se incidir nas
estruturas articulares (Escamilla, 2001).
- O aumento no torque,
tensão e força não significa que este exercício necessariamente seja perigoso
ao joelho, mas sim, que esses parâmetros aumentaram, e só. As análises feitas
com agachamentos profundos, pelo que consta, não demonstram nenhum prejuízo
para o joelho. As lesões geralmente são causadas pela combinação de quatro
variáveis: volumes altos, excesso de peso, overtraining e técnica inapropriada.
Com treinos progressivos e inteligentes, o agachamento profundo certamente é
seguro e eficiente.
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Agradecimento
Especial aos Professores Paulo Gentil & Elke Oliveira
Forte abraço a CROSSFIT
BRASIL, CROSSFIT SP, CROSSFIT JUNDIAI e CROSSFIT.COM