segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O CONTRASSENSO DO EMAGRECIMENTO

Uma reflexão Crítica ao Modus Operandi


Um conceito tem sido comumente encontrado em todos os programas de exercícios para o emagrecimento, a atividade aeróbia! O guideline para a diminuição de gordura corporal ainda baseia-se na prescrição de atividade de longa duração e baixa intensidade, características essas; das atividades aeróbias/oxidativas.
Em uma pesquisa como mais de 10.000 pessoas, foi revelado que as atividades mais procuradas para reduzir o panículo adiposo são: caminhada (38,3%), ciclismo (12,5%) e corrida (11,6%) (Kruger et al., 2007).
Porém algo nos deixam intrigados; se entendemos o processo do acúmulo da gordura, sabemos o mal que ela acarreta e compreendemos o processo de queima de gordura, por quê a Obesidade tornou-se uma epidemia mundial?
Hoje possuímos 2 grandes modelos para combater esse problema de saúde pública:
1) Modelo Metabólico:
Nele os grandes nomes da fisiologia do exercício (Hill, 1992; Wilmore & Costill, 2001; Powers, Mcardle....)  balizam em suas estratégias para o emagrecimento a prática de atividades aeróbias as quais utilizam prioritariamente a gordura em média  a partir de 15 minutos de exercícios como fonte prioritária da produção energética. Uma boa base de aprofundamento para esse modelo vem de que em repouso, 60% da energia derivada da oxidação de lipídeos (Brooks & Mercier, 1994; Van Loon et al., 2001) Durante a prática de exercícios a 25% do VO2+ (Capacidade Máxima de captar, transportar e utilizar Oxigênio), pode ocorrer um aumento de até cinco vezes nos níveis de ácidos graxos livres no plasma e cerca de 90% da energia utilizada virá do metabolismo lipídico (Klein et al., 1996). Segundo alguns outros estudos a participação de gordura reduz-se em 50% quando a intensidade do VO2+ , e a partir desta intensidade há uma mudança predominante na utilização das gorduras para os carboidratos (Van Loon, et al. 2001). A 85% do VO2+ estima-se que a energia oriunda dos lipídeos contribua com apenas 25 a 30% do gasto energético (Rominjn et al., 1993) e se torna negligenciável perto dos 90% do VO2+ (Achten et al., 2002).
2) Modelo Matemático:
Essa abordagem baseia-se que o excesso de peso esta relacionado ao aumento da ingestão alimentar associada a diminuição do gasto calórico, levando a um balanço energético positivo. Assim, para reduzir a gordura corporal seria necessário um balanço energético negativo, condição na qual o gasto superaria o consumo e proporcionaria a utilização da gordura como fonte prioritária de energia para sustentar os processos metabólicos (Jakicic et al., 2001; Yudkin et al., 2005). Essa corrente defende a associação de uma dieta Balanceada (restrição energética adequada) com um aumento do gasto energético.
Para ficar mais claro vamos expressar em números, um quilo de gordura equivale a 7.700Kcal (ACMS, 1995), portanto, os adeptos do modelo matemático sugerem que para se perder um quilo de gordura deve-se ter um balanço calórico negativo equivalente a esse valor. Se pretendermos perder esse um quilo de gordura em um mês, seria necessário um balanço calórico negativo de 256 kcal por dia. Como sou membro do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACMS) cito a recomendação de que indivíduos com sobrepeso e obesos reduzam o nível de ingestão calórica diária entre 500 a 1000, combinando com reduções na ingestão de gorduras, o que resultaria na perda de meio a um quilo por semana.
O intrigante é que o conflito entre a mecanização da prescrição aeróbia para o emagrecimento, e o conjunto de evidências contradizendo essa prática é chocante. Em um artigo publicado no Journal of the American Dietetic Association, Chester Zelasko (Zelasko, 1995), da Universidade de Buffalo, atribuiu-se a consolidação desse modo operante a de um “telefone sem fio”. Para o autor um conceito inicial foi deturpado seguidamente enquanto passava de uma pessoa para outra, até que o conceito final se tornou completamente diferente da idéia original. No caso em questão a idéia original sobre a atividade aeróbia x emagrecimento, é que esta atividade promoveria uma queima de gordura relativamente alta em relação ao repouso durante sua realização. No entanto, nada foi comprovado sobre esta magnitude, e muito menos com relação à sua eficiência em longo prazo.
Dessa forma nossa proposta, IncorporeVida, é de trabalhar com exercícios de alta Intensidade, Constantemente Variados e que podem ser Transferidos para o dia a dia; pois é por isso que treinamos.

Um comentário:

  1. É claro que você não quer negligenciar seu condicionamento aeróbio. Em 2006 Tabata fez um estudo de 6 semanas comparando as alterações da capacidade aeróbia e anaeróbia foram feitas entre grupos que praticaram exercícios contínuos e intermitentes de alta intensidade. O agora ultra popular protocolo Tabata de 20 segundos de alta intensidade de trabalho com intervalo de 10 segundos de descanso foi comparado com um sessão de 60 minutos numa bicicleta estacionária, e os resultados chocaram todos da indústria fitness. O grupo que permaneceu no stead-state treinou um total de 300 minutos por semana e não mostrou melhorias na capacidade anaeróbia e menos de 10% de melhoria na capacidade aeróbia. O grupo que fez o treino intervalado de alta intensidade treinando menos de 20 minutos por semana mostrou uma melhora de 28% na capacidade anaeróbia e 14% de melhora na capacidade aeróbia. Sim, você leu corretamente; o grupo que fez o treino intervalado obteve grandes ganhos aeróbios. Este estudo prova que este treino cardiovascular de força pode e também vai melhorar seu condicionamento aeróbio!
    Provavelmente o mais significante, se não o mais surpreendente, estudo completo comparando o treino em stead-state com o treino intervalado para perda de gordura foi feito por Tremblay em 1994. Este estudo foi semelhante em seu design com o estudo a que me referi anteriormente e vai um pouco além. Eles utilizaram dois grupos, um fez um treinamento de 20 semanas de endurance (steady-state) e outro completou 15 semanas de treino intervalado. Quando terminado o grupo que fez o treino de endurance queimou 28.661 calorias através dos exercícios enquanto o grupo que fez o treino intervalado queimou 13.614. Isso mesmo: o grupo que fez o treino intervalado queimou menos da metade do total das calorias. Os pesquisadores atentaram para a diferença no gasto energético e descobriram que o grupo que fez o treino intervalado perdeu 900% mais gordura subcutânea que o que treinou endurance _ nove vezes a quantidade de gordura.

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